quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Eu e meus livros - Parte 2

Então, continuando a saga dos livros iniciada no post anterior, os outros dois livros que li foram:

3) Sexo – Flávio Gikovate, 2010 (*****)

Sou suspeita pra falar deste livro que adorei. Me encanta o tema sobre relacionamentos. Quem escreve é Flávio Gikovate, um médico psiquiatra que, baseando-se em seus atendimentos no consultório e conhecimentos – mais observatórios do que técnicos – conseguiu colocar em palavras o confuso contexto sexual vivenciado pelas pessoas nos dias de hoje. A revolução sexual alcançada após a criação da pílula anticoncepcional permitiu que indivíduos considerados inferiores, como as mulheres e os homossexuais, fossem libertados da prisão psicológica sustentada por uma sociedade repressora, onde se padronizam comportamentos e se rotulam preferências. As pessoas, ditas “comuns” (ninguém é tão normal de perto), também se beneficiaram dessa tal liberdade: hoje é possível “ficar” com várias pessoas ao mesmo tempo, escolher com quem estabelecer laços, transar por diversão, dentre outras inúmeras maravilhas da modernidade. Mas, pare um pouquinho. Será que essa diversidade de relacionamentos tem deixado as pessoas mais felizes e realizadas? Para Gikovate, a resposta é não.

Analisando profundamente os diferentes fenômenos ligados à sexualidade humana, como a agressividade (sexo, por exemplo, é considerado um ato agressivo, lembrando-nos da nossa condição de animais), a vaidade e os jogos de poder envolvidos na prática da sedução, o autor escancara diversos mitos e meias-verdades, revelando, muitas vezes, de forma sincera, o que acontece nos relacionamentos atuais. Fala, por exemplo, que os mais mentirosos, egoístas e capazes de envolver o outro sem qualquer culpa são os que mais obtêm sucesso na conquista (aposto que alguém aí se identificou com essa teoria). Já aqueles mais generosos, preocupados em não ferir os parceiros, sentem-se inferiores por não ter coragem de agir de forma inescrupulosa. Invertem-se totalmente os valores! Como lidar com isso? Relativizando a importância do desejo e buscando parceiros com que tenhamos mais afinidades de sentimentos e idéias.

Também discute a idéia de que sexo e amor são dois impulsos autônomos e independentes (em outras palavras, se seu(sua) namorado(a) traiu você, não significa que ele(a) não gosta de você); e que desejo e excitação são sentimentos bem diferentes (o primeiro é elitista, baseados em elementos de uma sociedade de consumo; a segunda constitui um prazer democrático, alcançado por todos). Assim, Gikovate propõe que reconsideremos essa louvação atual do desejo, já que ele está a serviço da valorização do sexo casual (não acredito em mulheres que dizem gostar de sexo sem envolvimento emocional, nosso estímulo, infelizmente, vai muito além do visual), da preservação do egoísmo e da imaturidade emocional – tudo aquilo que as pessoas vêm tentando se livrar desde os tempos mais remotos. Este livro é uma conversa, dividido em capítulos por assunto, mas sempre em tom casual de como se estivéssemos frente a frente com o autor. Um livro que abre a cabeça para a aceitação de um novo ponto de vista, permitindo com que analisemos as nossas relações e o modo como lidamos com as pessoas. Muito bom! Resta a minha dúvida: Seriam esses aspectos biológicos ou circunstanciais? Bom, no final das contas, só queremos ser felizes mesmo. Cada um a seu modo, é claro.


4) O Alquimista – Paulo Coelho, 1988 (***)

Este livro fazia parte da montanha de livros que deixei para depois, como tantos outros títulos do Paulo Coelho que tenho em casa e ainda não li. Eu lembrava vagamente de dois livros dele, O demônio e a Srta. Prym e Veronika decide morrer, que li há muitos anos e os quais eu gostei, mas que não tive grandes reações ao terminá-los (tem livro que ficamos tristes porque acabam, né?). O Alquimista é um livro curioso, porque fala dos mistérios envolvendo a Alquimia, esse mundo tão obscuro e, portanto, muito interessante de se descobrir. A história é contada tendo como personagem principal um jovem pastor de ovelhas chamado Santiago que, após um sonho repetido, no qual havia um tesouro escondido nas Pirâmides do Egito, resolve largar tudo para seguir este caminho. Durante sua longa jornada, Santiago aprende com os detalhes vividos a cada dia, passando pelas agruras do deserto, vivendo num oásis e entrando em contato com um tipo de “linguagem universal” percebida por todos os seres vivos, chamada a “Alma do Mundo” (Talvez seja aquilo que consideramos ‘intuição’, que nos faz ponderar que tipo de atitudes tomar diante de situações após analisarmos o ambiente e as reações das pessoas, ou mesmo, a relação que temos com um cachorro – que não fala, mas que conseguimos conviver como se fosse uma criança, sabendo suas necessidades e até mesmo seu humor).

Também descobre a sua “Lenda Pessoal”, aquilo que cada um nasceu para fazer e viver, mostrando o quanto é possível seguir (literalmente) um sonho e ter sucesso com isso, e que ninguém consegue ser de todo feliz, enquanto esse objetivo não estiver cumprido. Outros conceitos, como os sinais de Deus e a Grande Obra (conhecida pela lenda dos homens que transformavam metal em ouro), também são abordadas de forma bem fácil de entender. Com diversas pequenas lições entrelaçadas pela vida dos personagens, O Alquimista é um livro pra se ler embalando na rede. Não só por ser leve, de linguagem simples e direta, mas também pelos ensinamentos que nos fazem prestar atenção ao que se passa ao nosso redor, muito além do que vemos.

Bom, esses foram os que terminei. Ainda estou muito apaixonada pelo meu – acredite – Budismo para Leigos (ando numa busca espiritual constante, é muita religião pra restringir o que penso em uma só), mas também comecei Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley. Novas resenhas estarão por aqui, em breve.


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